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Uma mesinha de cabeceira coberta com vários objetos: um sutiã, um relógio, um vibrador, lubrificante, uma lâmpada, lenços de papel e luvas de látex.

Ilustração: Marta Pucci

Tempo de leitura: 7 min

Guia para encontros casuais mais seguros

*Tradução: Jade Augusto Gola

Sexo casual. Transa de uma noite só. Noitada com alguém. Não importa como você chame, o sexo que acontece entre duas pessoas solteiras e/ou que não estão em uma relação monogâmica podem ser uma expressão natural e saudável da sexualidade. Mas como todo tipo de atividade sexual, é importante saber como tomar medidas para proteger sua saúde física e emocional.

Veja a seguir um guia passo a passo para você curtir seu encontro com segurança.

1. Sexo seguro não é suficiente: tenha sexo MAIS seguro

Uma infecção sexualmente transmitida (IST) é uma infecção causada por bactérias, vírus ou parasitas que podem ser transmitidos por parceiros(as) durante a atividade sexual. A verdade é que nenhuma forma de sexo que envolva outra pessoa é 100% segura, inclusive sexo que não envolve penetração (1).

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Mas mesmo você não podendo eliminar completamente a chance de contrair uma IST, praticar sexo "MAIS" seguro com o uso de barreiras físicas (como preservativos e luvas) pode diminuir significativamente o seu risco (2).

2. Use métodos de barreira

Apesar de haver muitos métodos contraceptivos que reduzem o risco de uma gravidez, métodos de barreira são as únicas opções contraceptivas que também reduzem o risco de ISTs (3).

Métodos de barreira incluem:

Camisinhas internas e externas funcionam ao prover uma barreira física que previne a genitália e os fluidos de uma pessoa de entrar em contato com o corpo de outra pessoa (4).

É especialmente importante usar um método de barreira como proteção se você e seu(ua) parceiro(a) não sabem se vocês têm alguma infecção sexual no momento e se algum de vocês está tendo sexo com outra(s) pessoa(s) (1,3).

3. Prepare-se

Ao ter sexo com um(a) parceiro(a) novo(a), métodos de barreira precisam ser utilizados correta e consistentemente para maximizar sua proteção contra ISTs—então é essencial ter algum desses métodos sempre com você, o tempo todo (4).

4. Teste-se regularmente—ao menos uma vez por ano

Apesar dos métodos de barreira protegerem contra a maioria das ISTs, eles dão proteção limitada para transmissões pela pele, principalmente para o vírus da herpes e o vírus do papiloma humano (HPV). Isso ocorre porque a camisinha, a luva ou a barreira dental podem não cobrir completamente toda a pele que esteja infectada (4).

Essa é uma razão porque é importante você testar-se regularmente, também para gonorreia e clamídia (5). Outra razão para testar-se regularmente é que podemos ter uma infecção sexual mas não notar nenhum sintoma. Infecções sexuais assintomáticas também podem ser transmitidas a outras pessoas e, se não tratadas, podem representar a longo prazo um risco para sua saúde e fertilidade.

ISTs que costumam ser assintomáticas em mulheres e pessoas com ciclos:

  • Clamídia

  • Gonorreia

  • Herpes

  • HIV

  • HPV

  • Tricomoníase

Visitas rápidas a provedores de saúde para testagem permitem que você identifique rapidamente eventuais infecções e receba o tratamento necessário.

5. Vacine-se contra HPV e Hepatites A e B

Há vacinas disponíveis para te proteger contra HPV e hepatites A e B (6). As hepatites A e B são infecções virais no fígado que podem ser transmitidas sexualmente. O Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC - EUA) recomenda que todas as crianças (7), assim como pessoas com fatores de risco, sejam vacinadas contra hepatites A e B (6).

A infecção por vírus do papiloma humano, conhecida como HPV, é uma das ISTs mais comuns mundo afora, afetando mais de 290 milhões de pessoas anualmente (8). Há muitas cepas de HPV e algumas delas podem causar verrugas genitais que levam ao câncer. As vacinações disponíveis protegem contra essa cepa mais nocivas do HPV. Idealmente, a vacina deveria ser administrada em adolescentes de 11 a 12 anos, mas pode ser aplicada também em adultos que não a tomaram anteriormente ou pessoas com fatores de risco (9, 10).

6. Comunicação com parceiros(as) é fundamental

Você não consegue descobrir se alguém tem uma infecção sexual só olhando para a pessoa (nem mesmo dando uma olhada em suas genitálias). De fato, é possível ter uma IST e não portar sintoma algum, então é importante estar alerta se potenciais parceiros(as) sexuais podem ter uma IST e transmitir para você (4).

É por isso que comunicação é chave quando se trata de sexo mais seguro. Se você está planejando ter sexo com alguém (nem que seja uma vez apenas), é importante ter uma conversa franca sobre a saúde sexual de vocês. Isso pode ser embaraçoso ou pode cortar o clima, mas não precisa ser um tabu.

Uma dica é começar a conversa falando sobre o seu histórico sexual, para mostrar que o tema não é tabu para você e, assim, deixar seu(ua) parceiro(a) mais confortável para se abrir e compartilhar detalhes similares. Também é uma boa oportunidade para ajustar expectativas sobre o uso de anticoncepcionais.

Questões sobre sexo para perguntar a seu(ua) parceiro(a):

  • Você já teve infecções sexuais antes? Se sim, quais? Você as tratou corretamente?

  • Quando você testou-se pela última vez para ISTs?

  • Você geralmente usa preservativos?

  • Você já compartilhou seringas com alguém para tatuagens, piercings ou drogas injetáveis?

  • Você está tendo sexo desprotegido com alguma outra pessoa?

  • Você sabe se algum de seus(uas) parceiros(as) recentes ou atuais têm alguma IST?

É ideal e mais fácil ter esse tipo de conversa antes do tesão bater.

7. Tenha um plano B para anticoncepcionais e eventuais exposições a infecçoes seuxais

Num mundo de encontros casuais ideais, todo mundo usa métodos de barreira correta e consistentemente o tempo todo e conversa bem sobre isso. Mas o sexo eventualmente não ocorre como planejado—às vezes a camisinha rompe ou alguém é negligente e caba por não usá-la de maneira alguma. É uma boa ideia ter um plano B antecipadamente, para saber o que fazer quando as coisas acabam sendo problemáticas.

Se você pode engravidar mas essa não é sua vontade, seu plano B deve incluir uma contracepção de emergência. O método emergencial mais utilizado é a pílula do dia seguinte, que pode ser tomada de 72 até 120 horas depois do sexo desprotegido, dependendo da dose e do ingrediente ativo (12).

O dispositivo intrauterino (DIU) de cobre também pode ser usado como contracepção de emergência. Esta opção já mostrou-se altamente efetiva como contracepção de emergência, podendo ser deixada inserida como anticoncepcional de longo uso (13). A complicação é que o DIU deve ser inserido clinicamente, então não é uma opção rápida e que possa ser aplicada por você.

A profilaxia de pós exposição, chamada de PEP, refere-se a medicamentos de prevenção de contágio tomados imediatamente após possível exposição ao HIV—como em casos de sexo desprotegido ou com alguém que seja HIV-positivo. A PEP precisa ser iniciada até 72 horas depois da possível exposição, requer receita médica e deve ser tomada diariamente por 28 dias. A PEP é altamente eficaz em prevenir o HIV, mas não 100%, então deve ser reservada para situações de emergências e não deve ser usada como substituta de métodos de barreira (14).

Um provedor de saúde pode ajudar a decidir se a PEP é ideal para você. Se você está planejando transar com alguém que seja HIV-positivo, considere tomar medicações da profilaxia de pré-exposição (PrEP), o que é feito diariamente e reduz drasticamente o risco de contrair HIV em caso de exposição (14).

8. Cuide de suas emoções e da saúde mental

É sempre bom lembrar que cuidar da saúde emocional é tão importante quanto cuidar da saúde física. O sexo casual pode ser uma boa maneira para você aprender sobre o que quer, o que precisa e sobre seus limites. Muitas pessoas acabam por realizar que gosta desta forma de sexualidade, enquanto outras descobrem que não é para elas.

Lembre-se de refletir sobre suas intenções antes, durante e depois do sexo. Assegure-se de estar tomando as melhores decisões possíveis para você: consensuais e que te façam sentir confidente feliz e realizada.

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